No aniversário da Lei Áurea, Ireuda Silva alerta para vulnerabilidade dos negros na pandemia: “Ainda não fomos totalmente libertos”

Nesta quarta-feira, 13 de maio, faz 132 anos que a então princesa Isabel, em 1888, assinou a Lei Áurea e oficializou o fim da escravidão no Brasil. Passado todo esse tempo, os descendentes dos escravizados acumulam conquistas notáveis – não sem muita luta, suor e sangue derramado. No entanto, a discriminação persiste e as desigualdades ainda são gritantes, principalmente no que diz respeito à inserção no mercado de trabalho e conquista de espaços de poder e liderança. Para a vice-presidente da comissão da Reparação, a vereadora Ireuda Silva (Republicanos), esses fatores, relacionados a muitas outras fragilidades, atiram a parcela negra da sociedade em uma situação de maior vulnerabilidade na pandemia do novo coronavírus.

Dados divulgados pelo Ministério da Saúde no mês passado revelam que a Covid-19 tem sido mais letal entre negros do que em brancos. À época do levantamento, mesmo sendo minoria nos registros de afetados pela doença, pretos e pardos representavam 1 em cada 4 brasileiros hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave (23,1%), mas chegavam a 1 em cada 3 mortos (32,8%).

Além disso, 67% das pessoas que dependem apenas do SUS são negras, e também são a maioria dos pacientes com diabetes, tuberculose, hipertensão e outras doenças que podem agravar o quadro infecioso. “Especialistas apontam que grande parte desses problemas surge e é agravada por questões sociais, como falta de saneamento básico, moradia e alimentação inadequadas. Além disso, a maneira como as periferias brasileiras estão organizadas e o uso do transporte coletivo, em muitas cidades lotados mesmo na quarentena, favorecem a disseminação do vírus”, pontua Ireuda.

De acordo com a republicana, isso nos mostra, mais uma vez, o tamanho da dívida histórica que o Brasil tem com todos os afrodescendentes que ajudaram a construí-lo. “Na época da escravidão, os negros também eram os que mais sofriam com enfermidades e as condições de trabalho desumanas, a falta de higiene dos alojamentos e a alimentação quase nula. Também eram os primeiros a morrer: viviam entre 18 e 25 anos. Hoje em dia, disparidades nesses aspectos ainda existem, então podemos dizer que ainda não fomos totalmente libertos”, acrescenta.

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados