Mandetta disse que fica no ministério: “só saio quando a turbulência passar”

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, fez uma nova coletiva de imprensa para falar da situação do coronavírus no país. O ministro, diante da crise gerada pela fala do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em cadeia nacional de TV, afirmou que ficará no cargo. “Eu saio daqui na hora que o presidente achar que não devo trabalhar, foi ele que me nomeou, ou numa doença, ou no momento que essa turbulência tenha passado e que eu ache que não sou mais útil”, disse.

Depois de Bolsonaro ter repetido em pronunciamento em rede nacional que o uso da cloroquina pode ser a solução para a pandemia de covid-19, o secretário-executivo do ministério, João Gabbardo dos Reis, precisou pedir para que a população não compre o remédio. “A população recebeu informações e correu para as farmácias. Não usem esse medicamento fora do ambiente hospitalar, porque isso não é seguro. Esse medicamento tem que ser aplicado de maneira segura, por um médico. Esse medicamento pode causar alteração no batimento cardíaco”, alertou Gabardo.

O medicamento, além de trazer arritmia cardíaca e sobrecarregar o fígado, só deve ser aplicado por médicos, em ambiente hospitalar e em pacientes em estado grave. A hidroxicloroquina não é indicada para prevenção da covid-19 e sua eficácia no tratamento da doença ainda está sendo estudada pelos médicos.

Mandetta baixou o tom

O ministro Mandetta tentou diminuir o tom imposto pelo presidente Bolsonaro em seu pronunciamento de terça=feia (24). Além de afirmar que fica no cargo, fez um meio termo entre o que vinha defendendo, o isolamento social, e a fala de Bolsonaro: “A quarentena é um mecanismo que a gente lança mão quando temos uma doença infecciosa, onde a transmissão é rápida, quando temos muita letalidade ou quando pode levar muitas pessoas para o sistema de saúde”, afirmou.

“A quarentena é um remédio extremamente amargo e extremamente duro e tem momento em que a gente vai precisar usar… Antes de adotar o fecha tudo, existe a possibilidade de trabalhar por bairro, existe a possibilidade de fazer uma redução em determinados aparelhos”, disse Mandetta.

Apesar dessa fala, os secretários que participaram da coletiva afirmaram que não vão pedir para que os governadores, que adotaram quarentena total nos estados, recuem e cancelem o isolamento.

Velocidade no Brasil

Segundo o ministério, a velocidade da expansão da doença no Brasil está entre o que vem acontecendo na Alemanha, Itália e Espanha, mas abaixo do que o ministério esperava.

Somente ontem foram mais de 700 mortos na Itália, já são 7.503 mortes desde o início do surto. Os casos de contaminação já somam 74.386 casos no país. O exército está precisando retirar os corpos de caminhão para cremar em outras regiões do país.

A Espanha chegou à situação de precisar isolar uma pista de patinação de gelo e usar de câmara fria para armazenar os corpos. O país acumula 3.434 mortes e 47.610 casos.

O balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta quarta-feira aponta que há no Brasil 57 mortes e 2.433 casos confirmados de covid-19. Mas o ministro alertou o país está iniciando agora um momento crítico em que o número de infectados e mortes, deverá subir vertiginosamente.
Gabardo foi questionado sobre a afirmação de Jair Bolsonaro de que o coronavírus poderia ser comparado com uma gripezinha e que não atinge quem tem histórico de atleta. “Cada 100 pessoas que são portadora de coronavírus, em 14 terão sido feito diagnóstico. A grande maioria das pessoas não terá sintoma, o problema é que essa minoria que terá sintomas pode sobrecarregar o sistema de saúde e gerar um grande número de óbitos”, limitou-se a responder.(Congresso em Foco)

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