“tenho imunidade parlamentar e nunca ofendi o povo chinês”, diz Eduardo Bolsonaro

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) respondeu ao embaixador da China após o diplomata reagir a ataques do filho do presidente. Eduardo afirmou que jamais ofendeu o povo chinês e invocou para si a imunidade parlamentar. O ex-presidente da comissão de relações exteriores da Câmara afirmou ainda, que por mais que tenham posicionamentos diversos, os países podem e devem manter suas relações comerciais.

A Embaixada da China no Brasil reagiu de maneira dura aos ataques feitos pelo filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e disse que o episódio terá consequência na relação entre os dois países. “As suas palavras são extremamente irresponsáveis e nos soam familiares. Não deixam de ser uma imitação dos seus queridos amigos. Ao voltar de Miami, contraiu, infelizmente, vírus mental, que está infectando a amizades entre os nossos povos”, escreveu o perfil oficial da embaixada.

Nesta quinta (19), o ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, publicou uma nota, na qual afirma que cabe ao embaixador da China se desculpar com o Brasil.

Jamais ofendi o povo chinês, tal interpretação é totalmente descabida. Esclareço que compartilhei postagem que critica a atuação do governo chinês na prevenção da pandemia, principalmente no compartilhamento de informações que teriam sido úteis na prevenção em escala mundial. Estimular o debate é função do parlamentar brasileiro, tendo por isso a prerrogativa da imunidade parlamentar (art. 53, CF) como garantia constitucional, para que deputados possam exercer tal direito. Assim, mesmo vivendo numa democracia com ampla liberdade de imprensa e expressão, não identifiquei qualquer desconstrução dos meus argumentos por parte do embaixador chinês no Brasil.

Este apenas demonstrou irritação com meu post e direcionou erroneamente suas energias no compartilhamento de posts ofensivos à honra de minha família – este sim um fato grave e desproporcional. Porém, enxergo como positivo que tais fatos tenham trazido à tona o debate de como governos podem (e devem) tentar evitar pandemias. Esclareço ainda que meu comportamento não tem o mínimo traço de xenofobia ou algo similar.

Na comunidade médica, é bem comum que doenças sejam batizadas em referência à localidade de origem da mazela. Por exemplo, a gripe espanhola traz em seu nome o país na qual foi originada; o vírus Ebola faz referência ao rio do Congo de mesmo nome.

A comparação entre o coronavírus e a tragédia da usina nuclear de Chernobyl também não é novidade. Matérias de veículos como BBC, Financial Times, Foreign Policy, Newsweek e até mesmo das brasileiras Folha de São Paulo e Globo fazem comparação entre o ocorrido em Chernobyl e o alastramento do coronavírus, pois ambos os casos ocorreram em países cuja a liberdade de expressão e imprensa eram/são limitados pelo governo.

Para citar apenas um exemplo, o governo atual da China bane plataformas como Twitter, Facebook e Whatsapp, que tem sido fundamentais no esclarecimento de dúvidas da população mundial quanto à atual pandemia.

A mutação genética de um vírus pode nascer em qualquer país, mas é obrigação das autoridades deste informar à sociedade e tomar as melhores medidas para conter seu avanço (e não agir mantendo sigilo da real condição).

As vidas das pessoas devem vir em primeiro lugar, não os interesses do Estado. Não desejamos problemas com a China e certamente, o país asiático também não busca conflitos com o Brasil.

Não creio que um tweet isolado de um parlamentar levantando questionamentos sobre a conduta de um governo estrangeiro tenha condão para tanto, visto que a discussão de pautas globais é prática normal na comunidade internacional, servindo para aperfeiçoamento de políticas de governo ao redor de todo o mundo.

Não permitir que esse debate ocorra seria deliberada censura, contrariando todos os ideias de democracia do povo brasileiro. E vale lembrar que países com posições políticas distintas mantém relações de comércio, basta lembrar que o maior parceiro comercial da China é os EUA e o país norte-americano tem como seu 3º maior parceiro comercial o país asiático. Jamais tive a pretensão de falar pelo governo brasileiro, mas devido a toda essa repercussão, despido de qualquer vaidade ou ego, deixo aqui cristalina que minha intenção, mais uma vez, nunca foi a de ofender o povo chinês ou de ferir o bom relacionamento existente entre os nossos países.

Manifesto ainda no sentido de lhes dar boas vindas ao nosso país e explicitar minha estima pela contribuição da comunidade chinesa no desenvolvimento do Brasil, terra famosa pelo seu povo acolhedor.

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