Pesquisadoras do genoma do coronavírus defendem redução da mobilidade interna

Ações nesse sentido incluem o fechamento do comércio e o controle dos voos nacionais que partem de lugares com grande número de notificações da doença, como Rio de Janeiro e São Paulo.

As pesquisadoras brasileiras que participaram do mapeamento do genoma do Sars-CoV-2, vírus causador da Covid-19, defenderam nesta quarta-feira (18) a adoção de medidas para reduzir a mobilidade interna de brasileiros, o que inclui estudar o fechamento do comércio e o controle dos voos nacionais que partem de lugares com grande número de notificações da doença, como Rio de Janeiro e São Paulo.

“É na mobilidade que talvez a gente consiga tornar a curva [de contágio] menor”, disse a diretora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), Ester Sabino. Ela participou de videoconferência realizada pela comissão externa da Câmara dos Deputados que discute ações preventivas contra o avanço do coronavírus no Brasil.

A comissão é coordenada pelo deputado Dr. Luiz Antônio Teixeira Jr. (PP-RJ). A relatoria está com a deputada Carmen Zanotto (Cidadania-SC).

Segundo Ester, o número de casos no País está dobrando a cada dois dias, o que deve aproximar o Brasil da Itália, país que hoje registra o maior número de novos infectados e de óbitos pela Covid-19 (2.503 mortes até esta terça).

“A gente precisa agir com antecipação”, reforçou a pesquisadora Jaqueline Goes de Jesus, que também participou do sequenciamento do genoma do novo coronavírus. Ela defendeu ainda a massificação dos testes para descobrir quem está infectado e isolar esses pacientes.

Segundo Jaqueline, a avaliação dos especialistas é de que para cada óbito, existem mil infectados. O Brasil já teve um óbito oficial – outro caso aguarda confirmação. Com isso, a previsão de doentes é de pelo menos mil, valor que supera os casos confirmados pelo Ministério da Saúde (291 até ontem). “É necessário, sim, testar mais do que os casos graves, para que a gente possa acompanhar [a doença]”, disse Jaqueline.

Na segunda (16), a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou que os países apliquem testes em massa para “achatar a curva” de disseminação da Covid-19.

Recursos

A coordenadora da UTI-Infectologia do Hospital das Clínicas da USP, Ho Yeh Li, fez uma série de sugestões aos membros da comissão externa. Ela pediu mais recursos para a contratação de profissionais de saúde em caráter emergencial, para suprir médicos e enfermeiros idosos, que estão no grupo de risco da Covid-19. “Quase um terço do nosso quadro de funcionários tem acima de 60 anos. Há uma certa urgência na contratação”, disse Li.

Ela sugeriu ainda a incorporação de tecnologias novas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), como a oxigenação extracorpórea – equipamento usado no tratamento de pacientes com insuficiência respiratória aguda. E pediu a liberação do atestado eletrônico para os trabalhadores, medida que também é defendida por diversos deputados da comissão.

“Muita gente está indo simplesmente pegar atestado [médico] para justificar ao empregador. É uma questão urgente para não lotar as portas dos prontos-socorros”, disse Li.(Agência Câmara de Notícias)

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