Janaina Paschoal pede saída imediata de Bolsonaro e se diz arrependida de voto

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que foi uma das autoras do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), disse nesta segunda (16), em pronunciamento na Assembleia Legislativa de São Paulo, que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não pode mais ficar à frente da nação.

Para Janaina, Bolsonaro usurpou de seu poder ao interagir com o público quando o mundo enfrenta um “inimigo visível”, o coronavírus. A deputada estadual alertou que o próprio presidente pode estar infectado por ter mantido contato com assessores que contraíram o vírus. Janaina diz que não há tempo para fazer um processo de impeachment.

“Como um homem que faz uma live na quinta e diz pra não ter protestos, vai participar nesses mesmos protestos e manda as deputadas, que são paus mandados dele, chamar o povo para a rua. Eu me arrependi do meu voto. Que país é esse? Como esse homem vai lá, potencialmente contaminando as pessoas. Pegando nas mãos, beijando. Ele tá brincando? Ele acha que ele pode tudo? As autoridades tem que se unir e pedir pra ele se afastar”, disse Janaina.

Confira abaixo o discurso na íntegra

“As autoridades brasileiras estão perdendo tempo. As autoridades italianas têm uma explicação por terem perdido tempo. Elas foram colhidas de surpresa. As autoridades brasileiras não. Por isso escrevi e reitero, que se houver um colapso no sistema de saúde em São Paulo, o governador deve perder o cargo. Deve. Porque quinta-feira (13), aqui nesta Casa, eu pedi pra ele para suspender cerimônias, solenidades, homenagens. Ele riu na minha cara e disse que estava seguindo os técnicos.

Graças a Deus, durante o fim de semana tomou algumas medidas, mas que não me parecem suficientes. Tanto é assim que ele continua noticiando que foi na inauguração de unidade policial, não pode mais. A autoridade tem que dar a sinalização.

Eu entendo que esta Casa deve seguir funcionando na emergência, para esta crise. Porque os outros países já estão precisando criar legislação para esta crise. Mas nós não podemos seguir com as atividades normais. Não tem cabimento ter solenidade, homenagem, premiação. ‘Ah, mas a gente não quer que haja pânico’. Não é para ter pânico, mas não pode viver, com a cabeça fora da realidade. Sobretudo quem tem responsabilidade por um estado e no caso do presidente da República, por uma nação. No caso do presidente é ainda mais grave.

Ele não só não está tomando as medidas de contenção – para não ser injusta, o ministro da Saúde está -, mas ele não só deixa de apoiar essas medidas, como estimula uma manifestação, uma aglomeração, no meio da crise, estando ele próprio de quarentena – porque toda a comitiva está contaminada -, ele sai e cumprimenta as pessoas. Que país é esse? Que país é esse? As autoridades têm que ter responsabilidade.

E não adianta dizer que é só a direita não, porque o PT fez uma reunião de aniversário aqui, na sexta-feira passada (13), e eu ouvi discursos de que estavam fazendo alerde com o coronavírus só para justificar que os atos pró-Bolsonaro seriam vazios. Eu não estou falando de esquerda e nem de direita, eu estou falando de um atraso que nos segura, de um atraso que entristece.

Nós temos a chance de prevenir. O povo brasileiro é marcado pela defesa. Se nós estudarmos as Forças Armadas brasileira, toda nossa história é uma história de defesa, não é uma história de ataque.

Nós estamos agora numa guerra, nós já estamos sendo invadidos por um inimigo invisível. O que nos cabe? Nos cabe tomar todas as medidas de defesa possíveis, imagináveis e disponíveis. E tentar buscar aquelas não disponíveis. Porque essa é a nossa história, história de defender.

Nós não podemos correr o risco de ficar de mãos atadas e olhar pra trás daqui há 15 dias e saber que as pessoas estão morrendo, sem que precisassem chegar a esse ponto. Isso é homicídio doloso. Quando as autoridades têm o poder e o dever de tomar as providências para evitar resultado danoso e assim não procedem, elas respondem por esse resultado.

Isso é homicídio doloso. Vai ser atribuído ao governador do estado de São Paulo. Vai ser atribuído ao presidente da República. Principalmente ao presidente da República.

É inadmissível, é injustificável, é irresponsável, crime contra a saúde pública. Desrespeitou a ordem do seu ministro da Saúde. Tem gente pedindo para o Mandeta sair, não façam isso, o Mandeta está trabalhando bem. Nós temos que manter os bons profissionais nos cargos estratégicos. Esse senhor tem que sair da presidência da República, deixa o Mourão, que entende de defesa. O nosso país está entrando numa guerra contra um inimigo invisível. Deixa o Mourão que é treinado para defesa no comando da nação. Não tem mais justificativa. Como um homem que está possivelmente infectado vai para o meio da multidão? Como um homem que faz uma live na quinta e diz pra não ter protestos, vai participar nesses mesmos protestos e manda as deputadas, que são paus mandados dele, chamar o povo para a rua. Eu me arrependi do meu voto. Que país é esse? Como esse homem vai lá, potencialmente contaminando as pessoas. Pegando nas mãos, beijando. Ele tá brincando? Ele acha que ele pode tudo? As autoridades tem que se unir e pedir pra ele se afastar. Nós não temos tempo pra um processo de impeachment, nós estamos sendo invadidos por um inimigo invisível. precisamos de pessoas capazes e competentes de conduzir a nação. Quero quer que o Mourão possa fazer isso por nós”.(Congresso em Foco)

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