Assembleia presta homenagem a heróis e heroínas do movimento negro

O plenário da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) sediou, na manhã desta sexta-feira (29), a sessão especial em homenagem ao Movimento Negro: heróis e heroínas de ontem e de hoje. O evento integrou a programação do Novembro Negro e foi promovido pelo deputado Jacó Lula da Silva (PT).

A sessão foi marcada pela entrega do quadro contendo o rosto dos mártires da Revolta dos Búzios aos heróis e às heroínas da atualidade: Renata Dias, diretora-geral da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb); a integrante da Rede de Mulheres Negras da Bahia e vice-presidente do Conselho de Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado (CDCN), Lindinalva de Paula; Gilberto Leal, representante da Coordenação Nacional de Entidades Negras (Conen); Luiz Alberto, ex-deputado, ex-secretário e um dos fundadores do Movimento Negro Unificado (MNU); Mãe Iara de Oxum, presidente da Associação de Terreiros Pássaros das Águas e idealizadora da Caminhada da Pedra de Xangô; o sociólogo Fábio Nogueira, presidente estadual do Psol; Antônio Carlos dos Santos, Vovó do Ilê, presidente e fundador do Ilê Aiyê; Yuri Silva, coordenador do Coletivo de Entidades de Negras (CEN); o cineasta Antônio Olavo; o defensor público geral da Bahia, Rafson Saraiva Ximenes; Raimundo Bujão, assessor especial da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi); Iracema Moura, vice-presidente eleita do PT de Salvador; Marina Duarte, vice-presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro); e Tata Tumba Zenzi, da Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU).

Ao abrir a solenidade, o deputado Jacó agradeceu e parabenizou o conjunto de entidades do movimento negro pelas mobilizações ao longo da história. “Essa luta se constrói na resistência no Estado da Bahia. O Novembro Negro é nossa celebração de uma Bahia de lutas, como o 2 de Julho, a Revolta dos Búzios e muitas outras”, destacou o proponente da homenagem.

A deputada Fátima Nunes Lula (PT), presidente da Comissão da Igualdade da ALBA, lamentou o quadro atual enfrentado pela sociedade brasileira e rememorou o passado de um país que carrega consigo consequências de uma era de escravidão. “Nossa história começou com genocídio dos índios e seguiu com o massacre dos negros. Hoje, se tem algo que nos humilha e nos oprime é ver pessoas da nossa cor no Palácio do Planalto dizendo que negro de esquerda é burro. Isso é repugnante”, disse a legisladora. Para Fátima, não basta apenas celebrar, “mas é preciso lutar para que o povo negro tenha oportunidade e espaços no poder”.

Representando o Governo do Estado e a secretária Fabya Reis, titular da Sepromi, Ailton Ferreira ressaltou o papel do movimento negro na construção de leis, estatutos e ações que garantem os direitos do povo negro. “O movimento formou o Brasil, mostrou ao país que existe uma pobreza negra estruturada. Mostrou que o racismo estruturou a sociedade brasileira, os nossos aprendizados”, explicou, ao enaltecer a história de heróis e heroínas que “ensinaram o Brasil a ser mais inclusivo”.

Lindinalva de Paula, da Rede de Mulheres Negras da Bahia, parabenizou o Legislativo baiano por fechar o Novembro Negro resgatando a história dos heróis e heroínas de hoje e de ontem. Em sua fala, frisou a luta por representatividade e ocupação dos espaços de poder. “Já passou da hora dessa cidade ser governada por negros. Essa Casa precisa ter mais representantes da comunidade negra”, pediu.
Fundador do Movimento Negro Unificado, Luiz Alberto disse que o país vive uma guerra com a comunidade negra, com alto número de mortes de negros. “Estamos sempre em guerra, o Brasil nunca deixou de guerrear contra nós. Temos que continuar entendendo que o Brasil nos trata como inimigos. Esses dias, mataram uma liderança no Quilombo Rio dos Macacos, essa semana mataram uma jovem liderança quilombola em Cachoeira, e tantos outros são mortos nessa guerra”, mencionou o ex-deputado e ex-secretário da Promoção da Igualdade da Bahia.
Mãe Iara de Oxum foi a autora de uma das falas mais aplaudidas do encontro. Ela se dirigiu a estudantes de escolas públicas que se encontravam no plenário e explanou: “Alunos, estou aqui (na tribuna da ALBA). Vocês também podem. Não vão cair na mão de traficantes, vocês vão estudar. Quero os meus vivos, quero que vocês continuem vivos para nos representar. Nossos irmãos estão morrendo”.
A sessão especial também teve a presença de ex-parlamentares como Yulo Oiticica e Álvaro Gomes, e diversas lideranças do movimento negro. Ag ALBA

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