Moro pede que Polícia Federal e PGR investiguem depoimento de porteiro no caso Marielle

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, pediu nesta quarta-feira (30/10) à Procuradoria Geral da República e à Polícia Federal que investiguem o depoimento que um porteiro do condomínio onde mora o presidente Jair Bolsonaro deu à Polícia Civil do Rio de Janeiro no âmbito da apuração do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes.

Na terça-feira, o Jornal Nacional, da TV Globo, veiculou uma reportagem que cita um depoimento que o porteiro teria dado aos policiais civis.

Segundo a reportagem, o porteiro disse que um dos suspeitos de participar da morte de Marielle, o ex-policial militar Élcio Queiroz, visitou o condomínio Vivendas da Barra poucas horas antes do assassinato da vereadora, em 14 de março de 2018, e anunciou na portaria que iria à casa do então deputado federal Jair Bolsonaro.

Mas o porteiro diz que Élcio acabou se dirigindo à casa do sargento reformado Ronnie Lessa, que também morava no mesmo condomínio e também é acusado de participar da morte de Marielle.

Naquele dia, Bolsonaro estava no Congresso em Brasília, segundo o registro da presença dos parlamentares.

No entanto, na tarde desta quarta-feira, a revista Veja publicou que a procuradora do Ministério Público Simone Sibilio, chefe do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (GAECO), afirmou que o porteiro mentiu em seu depoimento.

Quem teria autorizado a entrada de Élcio Queiroz no condomínio do presidente seria Ronnie Lessa, suspeito de ter feito os disparos, de acordo com a procuradora.

De acordo com a Veja, o porteiro prestou dois depoimentos. No primeiro, teria dito que ligou para casa de Bolsonaro. No segundo, ao ser confrontado com registro em áudio da chamada feita no horário informado, manteve sua versão, mas os investigadores colocam em questão sua veracidade.

“O porteiro mentiu, e isso está provado por prova técnica”, afirmou Simone Sibilio, segundo a revista.

Antes disso, em ofício, enviado ao procurador-geral da República, Augusto Aras, Moro diz que a presença de Bolsonaro em Brasília “sugere possível equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o que pode configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou denunciação caluniosa, neste último caso tendo por vítima o Presidente da República, o que determina a competência da Justiça Federal e, por conseguinte, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”.

“Para que os fatos sejam devida e inteiramente esclarecidos, por investigação isenta, venho através desta solicitar respeitosamente a V.Ex.ª que requisite a instauração de inquérito para apuração, em conjunto, pelo Ministério Público Federal e Polícia Federal, perante a Justiça Federal, de todo o ocorrido e de todas as suas circunstâncias”, diz Moro no ofício.

À Folha de S. Paulo, o procurador-geral da República Augusto Aras afirmou que o episódio é um “factoide” e que remeterá ao Ministério Público Federal pedido feito por Moro para que se investiguem as circunstâncias do depoimento do porteiro do condomínio.

Foto: Ag Brasil

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