Família tenta tirar jovem da Zona Leste de SP da cadeia após vítima dizer que o reconheceu por engano

Uma família da Zona Leste de São Paulo está travando uma batalha na Justiça para tirar um jovem de 20 anos da cadeia. Ele está preso há quase um mês acusado de assalto, mas a vítima já admitiu que o identificou por engano na delegacia.

A confusão aconteceu no dia 10 de outubro. Um assalto a um motorista de aplicativo na Rua Manoel França dos Santos, no Jardim Sapopemba, mudou a vida de Heverton Enrique Siqueira, de 20 anos, que foi preso.

Após o assalto os policiais militares começaram a fazer buscas na região. Cinquenta minutos depois chegaram a uma praça onde estavam Heverton e um amigo de 17 anos. Os dois foram levados para a delegacia, onde foi feito reconhecimento.

Em uma primeira tentativa, o motorista de aplicativo assaltado negou a participação de Heverton no crime. Já em uma segunda tentativa, de acordo com advogado de Everton, os policiais colocaram touca na dupla. Nesse momento, o motorista acabou confirmando a participação de Everton.

O advogado de Heverton, Ricardo André de Souza, contesta o procedimento da polícia.

“Completamente ilegal, completamente fora dos padrões e no documento não está escrito que foi com capuz, foi completamente errada. A prisão é completamente equivocada”, afirma.

No dia seguinte ao crime, o motorista escreveu uma carta dizendo cruzou com o “os verdadeiros indivíduos que o assaltaram” a uma quadra do local do crime. E que “pode afirmar com certeza que Heverton e o adolescente não são os autores do delito”.

Ele diz que também “foi à delegacia para fazer a retificação, mas foi informado que o delegado só voltaria na próxima semana”.

Imagens de câmera de segurança conseguidas pela família mostram os verdadeiros assaltantes voltando na contramão e de marcha ré para abandonar o veículo roubado.

Duas motos da polícia passam e nem desconfiam de nada. Em outra imagem dá para ver dois assaltantes fugindo a pé. O suspeito é mais alto que Heverton.

A Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que os policiais orientaram a vítima sobre os procedimentos para retificar um depoimento. Como ela não compareceu dentro do prazo, o processo foi enviado à Justiça.

O Tribunal de Justiça confirmou a negativa do habeas corpus. O Ministério Público disse que uma audiência está marcada para o próximo dia 18 quando os fatos serão melhor esclarecidos.

O advogado disse que o adolescente que foi apreendido com o Heverton já foi liberado e o processo corre sob sigilo.

4 casos em 3 meses
Desde julho o SP1 mostrou quatro pessoas que foram presas e depois liberadas. São casos que envolvem falhas nas investigações.

O último, em outubro, foi o caso de Guilherme Teixeira Mendonça. Ele ficou quase uma semana na cadeia por suspeita de matar um policial aposentado. Só que as testemunhas o identificaram por meio de uma foto tirada em 2009. E no momento do crime, Guilherme estava em outra cidade. A Justiça revogou a prisão.

Desta vez, três pedidos de soltura do Heverton foram negados. A família pede mais agilidade para Justiça para rever o caso.(G1)

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