#PraCegoVer facilita acesso de deficientes visuais a postagens digitais da Prefeitura

Quem acessa as redes sociais da Prefeitura de Salvador deve ter notado uma descrição de cada imagem postada, precedida pela hashtag #PraCegoVer. A ação faz parte de um projeto idealizado pela especialista em educação inclusiva Patrícia de Jesus, mais conhecida como Patrícia Braille, e oficializado pela administração municipal, por meio da Lei 9.436/2019. Publicada em janeiro desse ano, a lei prevê que as publicações feitas pela Prefeitura, secretarias e Câmara Municipal contenham a legenda PraCegoVer.

A autora da iniciativa comemorou a adesão e oficialização do município. “Eu tenho uma gratidão muito grande à Prefeitura por ter transformado essa ação em lei, porque é muito bonito falar de acessibilidade, mas se comprometer por escrito, se comprometer em forma de decreto, em forma de lei, e fazer com que essa lei seja cumprida é o mais complicado”, afirma.

Ela conta que a decisão teve uma simbologia muito importante: a lei foi publicada no dia 15 de janeiro, dia de aniversário do pai dela, que sempre a incentivou a seguir com o projeto. “Já faz dois anos que ele morreu e ele sempre me dizia para não desistir e para lutar pelo que eu acredito”, diz.

Iniciativa – A hashtag PraCegoVer foi criada em 2012 por Patrícia. Desde que cursava o Ensino Médio, ela nutria amizade com cegos, o que a motivou a aprender sozinha a ler em braille. Ela sempre postou a descrição das imagens que publicava em um blog pessoal e, posteriormente, no Facebook, até que percebeu que essa não poderia ser uma atitude isolada. Foi aí que ela criou o evento virtual Pra Cego Ver em 2012. O evento se transformou em página, depois em uma ação adotada por grandes marcas e, agora, oficializada pela Prefeitura.

A diretora de Comunicação Digital da Prefeitura, Arysa Souza, avalia o projeto como uma campanha inovadora, inclusiva e que reforça a importância da representatividade em todos os meios. O setor já utilizava a hashtag, ainda que sem regularidade, desde 2015. O uso tornou-se regular esse ano, após a publicação da lei. No Instagram, a iniciativa não é utilizada porque a rede social possui uma tecnologia própria que permite descrever as imagens.

“Um dos maiores princípios da comunicação pública é estreitar os laços com o cidadão, disseminando conteúdos de serviço e de utilidade pública. Além disso, o município tem a obrigação de levar essas informações para todas as pessoas, garantindo a pluralidade do debate, facilitando o relacionamento entre cidadão e instituição e viabilizando uma gestão mais inclusiva e participativa”, opina Arysa.

Dicas – Na página PraCegoVer do Facebook, Patrícia dá algumas dicas para fazer a descrição das imagens publicadas. De cara, ela alerta que a palavra “cego” não é pejorativa e que os cegos não se ofendem com ela, mas sim com a falta de acessibilidade. Além disso, ela explica que a expressão PraCegoVer é um trocadilho direcionado aos videntes que não enxergam o cego e não se dão conta de que pessoas com deficiência usam redes sociais.

Para postar a descrição, Patrícia recomenda colocar a hashtag #PraCegoVer; anunciar o tipo de imagem (se é um cartum, fotografia ou tirinha, por exemplo); começar a escrever da esquerda para a direita e de cima para baixo; informar as cores; descrever todos os elementos de determinado ponto e só então passar para outro; descrever com períodos curtos; começar pelos elementos menos importantes até chegar aos mais importantes e evitar adjetivos. A descrição completa, com dicas de livros e sites sobre o tema, está disponível na página do Facebook.

SECOM

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