Evento marca parceria para alfabetização de crianças com deficiência visual

Salvador será mais um território em que a parceria entre a Fundação Dorina Nowill e a Lego Fundation, ligada ao fabricante mundial de brinquedos, proporcionará uma alternativa inovadora para o ensino de crianças com deficiência visual. Viabilizada na capital baiana por meio da Secretaria Municipal de Educação (Smed), o projeto Lego Braille Bricks, que consiste na implementação de uma tecnologia com blocos montáveis táteis para alfabetização em Braille, contará ainda com a parceria do Instituto de Cegos da Bahia (ICB). Um evento para apresentar a modalidade e capacitar cerca de 60 educadores foi realizado nesta terça-feira (22) pela Prefeitura, no auditório da Organização do Auxílio Fraterno (OAF), na Liberdade. A programação se repete amanhã (23), no mesmo local.

A presidente do comitê que coordena a implantação do Lego Braille Bricks no Brasil, Nair Fleury, contou que a iniciativa tem como base a inclusão das crianças em um contexto que as acolha, respeitando as suas diversidades. “A gente só cresce com o outro, então o convívio é benéfico. É também uma oportunidade para que as professoras aprendam com a inserção de crianças com deficiência visual na escola, pois é dever, enquanto professor, ter o entendimento de que o modo de trabalhar deve ser modificado para que as crianças tenham o mesmo aprendizado de formas diferentes”, ressaltou.

O braille é um dos pilares no letramento de crianças com deficiência visual ou baixa visão. No método criado pela parceria Dorina-Lego, além destas crianças, as outras, que não possuam deficiência, também poderão aprender o sistema. “É uma peça em que há uma letra do sistema braile de um lado e do outro uma letra do sistema visual correspondente. Ela pode ser utilizada para brincar e ir sendo utilizada no aprendizado, fazendo com que haja uma alfabetização em braile também com as crianças que não possuem deficiência visual”, explicou.

Presente em outros sete locais pelo mundo, o projeto deve ser o terceiro a ser implantado no Brasil. Sendo ele, fundamentado em princípios elencados por três pensadores do campo da educação: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Paulo Freire, com a sua “Pedagogia do Oprimido”.

Uma das professoras da rede municipal de ensino que estiveram no evento durante a manhã desta terça-feira (22) foi Lêda Lisboa, da Escola Municipal Professor Afonso Temporal, em Valéria. Ela, que já executa atividades com alguns outros recursos no ambiente de trabalho, disse perceber que a emancipação dos pequeninos com deficiência é vista na sala de aula durante o processo de educação e tem impactos positivos, inclusive, na autoestima deles. “Atualmente, na escola, temos uma criança cega e uma criança com baixa visão. Estar na escola é um ganho muito grande, pois muita gente pensa que estar o aluno com deficiência na unidade é apenas para interagir com os outros, mas não, é para aprender mesmo”.

O Instituto de Cegos da Bahia (ICB), que já é um parceiro da Smed na capacitação continuada de professores, também participará da implementação do Lego Braille Bricks em Salvador. A assessora de marketing e captação de recursos do ICB, Consuelo Alban, destacou que há uma “maciça participação dos professores da rede municipal de ensino dentro do instituto”. Segundo ela, “são eles que vão replicar esse aprendizado nas escolas da rede”. Foto: Bruno Concha/Secom

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