‘Quero saber o que tem lá. Defendo a liberdade de informação’, diz Janaína Paschoal sobre conversas hackeadas

Janaína Pascoal (PSL-SP) se tornou uma das raras vozes dissonantes no PSL quando o tema são as declarações do presidente Jair Bolsonaro.

Ao se descolar dos colegas e apontar uma série de problemas na retórica bolsonarista, ela diz que quer conciliar e fortalecer o governo, “não destruir”.

“É conselho, é pedido, é quase implorando, entendeu? Porque não tem sentido colocar tanta coisa importante em risco para manter um estilo.”

Segundo a deputada estadual, “os comentários mais polêmicos” do presidente “estão prejudicando e podem começar a gerar instabilidade.”

“Com essa sucessão de falas desnecessárias e desencontradas, ele coloca o governo em risco”, diz a autora do pedido de impeachment de Dilma Rousseff, em referência aos comentários de Bolsonaro sobre o pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, desaparecido na ditadura militar.

“O presidente vai ajudar muito a nação se deixar 1964 em 1964”, diz a deputada. “Ao fazer um comentário absolutamente fora de contexto e desnecessário, (Bolsonaro) acabou transformando o presidente da OAB num marco da democracia”, afirma, classificando Santa Cruz como alguém “muito controverso na própria advocacia” e que poderia não ter sido eleito caso as eleições da OAB fossem diretas.

Paschoal também destoa do entorno do presidente ao defender que os conteúdos divulgados pela Vaza Jato sejam apurados. “Vamos punir a quadrilha pelas interceptações ilegais, mas eu quero saber o que tem lá. Defendo a liberdade de informação”.

Também defende investigação sobre Flávio Bolsonaro pela suposta realização de ‘caixinha’ com o salário de funcionários do seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando ele era deputado estadual.

“Não dá para esses fatos virem à tona e ficaram absolutamente alheios a qualquer tipo de apuração”, diz.

“Quero saber o que eram aquelas movimentações, qual era o papel desse cidadão (Queiroz). Como quero saber qual é o papel dessa cidadã que trabalha ali no gabinete do André Ceciliano e porque o (Wilson) Witzel, que foi eleito no Rio de Janeiro com discurso antiesquerdista, anticorrupção, agora virou parceiro dele.”

Sobre a controversa indicação de Eduardo Bolsonaro à Embaixada do Brasil em Washington, Janaína Pascoal é clara quando questionada se o Senado Federal deveria barrar a vontade do presidente.

“Eu entendo que sim.” (Ricardo Senra / BBC Brasil)

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