“Na minha opinião, quem manda na pauta é a maioria dos vereadores”, diz ACM Neto

O prefeito ACM Neto (DEM) reagiu, ontem, às investidas do presidente da Câmara de Salvador, Geraldo Júnior (SD), que recuou após duras declarações do democrata. Anteontem, o chefe do Legislativo disparou que “que quem pauta votações nesta Casa é o presidente” depois de o secretário municipal de Mobilidade (Semob), Fábio Mota, ir à imprensa para pedir aceleração na votação do projeto de lei que concede isenção do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) às empresas de ônibus.

Em resposta, ACM Neto disse que quem manda na pauta da Câmara de Salvador é “a maioria dos vereadores”. “De fato, a gente não manda na pauta de votação da Câmara. Quem me conhece sabe o espírito democrático que atuo. Agora, na minha opinião, quem manda na pauta é a maioria dos vereadores. A Câmara não é só do presidente, é do conjunto dos vereadores”, afirmou. O prefeito ainda defendeu o secretário Fábio Mota.

“Em relação ao ISS, quero destacar o seguinte. Não é um projeto da prefeitura. Não muda a vida do prefeito. Não muda a vida da prefeitura. Esse é um projeto da cidade. Nós podíamos ter aumentado o preço da passagem do ônibus para R$ 4,12. Eu preferi só aumentar até R$ 4 e esses R$ 0,12, a gente deu através de subsídios indiretos que é exatamente a renúncia do ISS. Isso precisa ser confirmado pela Câmara. Se a Câmara confirmar, ótimo. Se a Câmara não confirmar, a passagem do ônibus aumenta R$ 0,12. Foi isso que o secretário de Mobilidade, Fábio Mota, disse. E é verdade. A Câmara tem liberdade e autonomia para votar”, afirmou.

Neto também atacou a oposição por ser contra a proposta. “Muito me admira a oposição ficar contra um projeto de isenção de impostos. Eu fui oposição por 10 anos no Congresso Nacional e eu nunca votei contra um projeto que garantisse redução de impostos. Pelo contrário, sempre votei a favor. O que a oposição pode querer e lutar é isso: redução de impostos. Sempre que o governador enviar para Assembleia Legislativa um projeto de redução de impostos vai ter o apoio imediato da nossa bancada, mesmo a gente sendo oposição. Eu não mando na pauta da Câmara. A Câmara manda na sua própria pauta, que é presida por Geraldo e é composta por 43 vereadores. Tem poder sobre sua própria pauta. Tem o poder, inclusive, de rejeitar o projeto. Se não tiver o apoio de 29, o projeto será rejeitado. Ai aqueles que não votaram a favor do projeto assumam o ônus e a responsabilidade de ter R$ 0,12 a mais na tarifa. Ai a população que cobre de quem tiver que cobrar. De mim, não será. Por quê? Porque o meu papel eu fiz. Mandei o projeto e aguardo que ele seja votado”, declarou.

Após a dura declaração do prefeito, Geraldo Júnior se manifestou por meio da assessoria de comunicação. “O prefeito ACM Neto é meu amigo pessoal e não à toa foi eleito por seis vezes o melhor prefeito do Brasil. Tenho certeza que não passou pelo prefeito a decisão do secretário Fábio Mota de ir à imprensa e dizer que um possível aumento de passagem seria de responsabilidade da Câmara. A prova inequívoca que o futuro da cidade passa pela casa do povo foi que, ao tomar conhecimento, coloquei em votação imediatamente. Mas o secretário Fábio Mota, achando que só precisa falar pela imprensa, esqueceu de comunicar à sua base na Câmara. O Fábio Mota não é uma má pessoa, acredito que essa infeliz declaração foi no calor do 2 de julho. Eu, Geraldo Júnior, jamais farei algo que prejudique o povo. Porque não canso de dizer: cuidar de gente é vocação e não se aprende nos bancos de faculdade apenas. Essa página está virada. A Casa está aberta para esse e qualquer projeto que beneficie o povo de Salvador”, afirmou o presidente da Câmara.

Ainda na entrevista, Neto disse que, da parte dele, não haverá rompimento com Geraldo Júnior. “Da minha parte, de jeito nenhum (terá rompimento). Foi meu secretário, ajudei a ele ser presidente da Câmara. Até hoje, fui parceiro de todas as iniciativas do Poder Legislativo. Você tem que fazer essa pergunta a ele”, pontuou. (Tribuna da Bahia)

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