Projeto da Escolab Boca do Rio resgata heranças africanas e indígenas

O resgate dos saberes e contribuições dos povos africanos e indígenas têm feito parte do dia a dia dos alunos da Escolab Boca do Rio, localizada na Rua Abelardo Andrade de Carvalho, 72, desde o início do ano letivo. Tendo como tema “A leitura do mundo e a leitura da palavra, pela superação da hierarquia dos saberes”, o projeto pedagógico 2019, tem focado na leitura e escrita a partir do reconhecimento, estudo e valorização do legado filosófico, científico e artístico proveniente das heranças africanas e indígenas.

Através de pesquisas, leituras e escrita de livros e textos da cultura africana e indígena, os alunos do 2º ao 9º ano podem conhecer a história desses povos dos quais fazem parte. Dentre as atividades desenvolvidas através de textos, contos, lendas e mitos das culturas africanas e indígenas, os estudantes fazem leitura e pesquisa sobre os temas e, posteriormente, apresentam o conteúdo em sala de aula. Eles explicam o que foi compreendido com o processo e, ainda, desenvolvem um olhar crítico e uma opinião sobre toda a história. O projeto dividido em três unidades será realizado até o fim do ano letivo.

“Quando se realiza um trabalho a partir do resgate da nossa ciência, cultura, arte e filosofia, desenvolvemos um resgate de identidade muito importante: o de valorização do cidadão. Isso reverbera no trabalho de sala de aula e potencializa a aprendizagem, porque o aluno se vê no que está estudando e, como autor, percebe que existe uma ancestralidade por trás de tudo aquilo que é falado, além de promover a valorização de algo que vêm sendo historicamente apagado, que são as nossas raízes”, declara o diretor da instituição, Miguel Dourado.

Para o coordenador pedagógico da Escolab, Ari Xavier, em uma cidade como Salvador, que a grande maioria da população é negra, muitos não se consideram pertencentes à raça. “Muitas pessoas se afastam do que lhe constituem enquanto sujeito. Percebemos que muitos indivíduos, inclusive alunos que são negros, não se consideram como tal. Nós, enquanto escola, precisamos oferecer uma série de acessos para que essa percepção ocorra”, ressalta.

Segundo Sueli Cabala, professora do 9º ano, o projeto valoriza o passado e possibilita compreender o que ocorre no presente. “A maioria dos livros didáticos trazem a história da cultura africana e indígena pelo ponto de vista europeu. O nosso projeto possibilita que os alunos tenham acesso uma história que não estão sendo contada nos livros, que é a que nos constitui enquanto sujeitos. Isso nos ajuda a entender o que se promulga até os dias de hoje como o racismo e preconceito. Trabalhamos e exploramos o conhecimento, trazendo outros olhares, os dos alunos, sobre a nossa história”, afirma.

As mudanças já são perceptíveis para o aluno do 9º ano Paulo Henrique Mascarenhas, de 14 anos. “Nós aprendemos sobre nossas raízes e ficamos sabendo de tudo que aconteceu para que estejamos hoje aqui. Estou conhecendo a minha história e aprendendo sobre meus antepassados e isso é incrível”, afirma.

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