Propostas de Jair Bolsonaro para economia dividem opiniões de presidentes de comissões temáticas

Programa do novo governo coloca as privatizações de empresas estatais como uma das principais medidas para equilibrar as contas públicas. Segundo o programa, todos os recursos obtidos com privatizações e concessões irão para o pagamento da dívida pública.

O presidente eleito Jair Bolsonaro começará o mandato com a missão de encontrar respostas rápidas para a economia brasileira.

Seu programa de governo coloca as privatizações de empresas estatais como uma das principais medidas para equilibrar as contas públicas. Segundo o programa, todos os recursos obtidos com privatizações e concessões irão para o pagamento da dívida pública. Apesar disso, em entrevistas, Bolsonaro já falou em deixar de fora o setor elétrico, Banco do Brasil, Caixa Econômica, entre outros.

O presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara, deputado Daniel Almeida, do PCdoB da Bahia, critica a proposta de privatizações.

“Eu acho que esse é um caminho errado. Acha que o mercado resolve tudo, que o Estado não tem papel, o papel do Estado é um papel secundário. Numa sociedade com tantas desigualdades o Estado precisa estar presente, precisa ser o indutor, organizador, controlador e promotor de políticas públicas. Pensar apenas em privatização como remédio não deu certo em lugar nenhum do mundo.”

Já o presidente da Comissão de Finanças e Tributação, deputado Renato Molling, do PP do Rio Grande do Sul, concorda com as privatizações.

“Eu sou totalmente favorável, eu acho que o país precisa realmente fazer com que todas as empresas dêem retorno à população, e a gente vê que muitas empresas estatais hoje não conseguem atingir seus objetivos. A privatização é o caminho.”

Quanto à carga tributária, o programa de Jair Bolsonaro fala em gradativa redução da carga, simplificação e unificação de tributos federais, assim como em descentralização e municipalização para aumentar recursos tributários na base da sociedade.

Seu futuro ministro da Economia, Paulo Guedes já falou em reduzir o teto da tributação do Imposto de Renda de pessoas físicas para 20 por cento.

Renato Molling acredita que a proposta é justa.

“Eu acho que a carga tributária hoje está muito elevada. Cobrar dos mais ricos, dos mais pobres, isso aí é muito no discurso. Acho que tem que cobrar de todos, tem que ser igual pra todos, porque aquele que é rico, ou seja, uma grande empresa, tem que pagar igual, não mais do que os outros, porque ela vai continuar gerando emprego.”

Daniel Almeida, por outro lado, afirma que a proposta penaliza parcelas menos favorecidas da sociedade.

“Em algum momento se falou dessa redução das alíquotas, o que pode significar uma redução de tributação para os mais ricos, penalizando ainda mais os mais pobres. Vai na contramão do que é desejável numa reforma tributária progressiva.”

Quanto à Reforma da Previdência, defendida no programa de Bolsonaro, Daniel Almeida afirma que não adianta fazer reformas que prejudicam os mais pobres sem antes taxar os mais ricos, e Renato Molling acredita que é uma necessidade para todas as categorias, inclusive os militares.

Entre outros pontos previstos no programa de Bolsonaro para a economia, está a criação de uma renda mínima para todas as famílias brasileiras, acima do valor do Bolsa Família, e a criação de uma carteira de trabalho verde e amarela, que não seguiria as regras da CLT, mas sim regras definidas em negociações entre empregados e empregadores.

O presidente da comissão de Desenvolvimento Econômico, Daniel Almeida, prevê um futuro próximo muito negativo se as medidas forem colocadas em prática. Já o presidente da Comissão de Finanças, Renato Molling, acredita que, se Bolsonaro conseguir realizar seu programa de governo, o Brasil estará a caminho de ser um grande país.(Rádio Câmara)

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