Mulheres vítimas de violência aprendem receitas de crepe em curso de Gastronomia

Crepe, palavra originada do francês crêpe, derivada do latim crispus, que significa crespo. É um tipo de panqueca feita de farinha de trigo, leite e ovos, com recheio de algum ingrediente que pode ser doce ou salgado. Esses e outros ensinamentos sobre como preparar tal iguaria foram repassados a 30 mulheres acolhidas no Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (CAMSID), durante a Oficina de Gastronomia realizada, nesta segunda-feira (8), na sede do órgão, na Ribeira. Como parte da programação do Outubro Rosa, a atividade é organizada pela a Secretaria Municipal de Política para as Mulheres Infância e Juventude (SPMJ) em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e Sebrae.

As oficinas começaram no dia 3 deste mês e seguem até o dia 31. Entre as alunas do curso estava *Maria das Dores Silva, 58 anos. Sem o primeiro grau completo, Maria das Dores afirma que nunca imaginou que pudesse fazer um curso e ainda receber certificado de conclusão. “Eu não tenho muito estudo, nunca achei que conseguiria fazer uma aula como essa. Estou tão feliz, realizada”, disse ela, que é uma das vítimas de violência atendidas na unidade do município.

Na cozinha experimental da CAMSID, ouvia atentamente as dicas do chef de gastronomia do Senac, Reinaldo Mariano. Maria das Dores fez questão de se voluntariar assim que ele solicitou ajuda para separar as raspas de limão que seriam usadas no recheio do crepe doce. “Estou amando, gosto de cozinha. Em casa já faço com meu filho de 12 anos e tudo fica uma delícia. Hoje estou aprendendo receitas sofisticadas e de forma profissional”, disse.

E nesse clima de resgate da autoestima, a coordenadora do Centro de Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (CAMSID), Maria Auxiliadora Alves, pontua que esse é um dos propósitos da unidade. “Percebemos aqui duas dependências, a emocional e a financeira. Quando ofertamos curso queremos empoderar essa mulher, ensinar a ela algo que possa lhe trazer um retorno financeiro”, explica. Pioneira no Brasil, a Casa, que tem formato diferenciado por oferecer assistência psicossocial, jurídica, cursos de capacitação e acolhimento, já atendeu 1 mil mulheres, desde abril deste ano quando foi fundada.

Quem também participou das aulas foi a secretária da SPMJ, Cristina Argiles. Segundo ela, a CAMSID e o Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares (Cram), nos Barris, têm papel fundamental na sociedade baiana pelo trabalho diferenciado nas questões de violência contra a mulher. “Vamos muito além do que determina a lei, que é oferecer atendimento com psicólogas, assistentes sociais e advogados (as). As nossas unidades acolhem, cuidam e abrigam essas mulheres em condição tão vulnerável. Prova disso é que estamos aqui profissionalizando, dando a elas a chance de aprender um ofício e se libertar da dependência financeira”, frisou a secretária.

Mais cursos – Ainda na unidade da Ribeira está prevista uma oficina de sequilhos, no dia 25, e aulas dobre salada fitness, no dia 30. As oficinas também serão realizadas no turno vespertino, das 14h às 17h. O Cram fica localizado na Praça Almirante Coelho Neto, nº 1, e o Camsid, na Rua Lélis Piedade, nº 63. Para se matricular, é necessário preencher uma ficha de inscrição a ser disponibilizada no local e anexar cópia de RG e CPF. Os alunos receberão certificado ao final das oficinas.

O curso gastronômico também está sendo ofertado a mulheres acolhidas pelo Centro de Referência de Atenção à Mulher Loreta Valadares (Cram), nos Barris. Receitas de sequilhos serão repassadas, nesta quarta-feira (10). A programação segue com ensinamentos sobre tortas salgadas, no dia 24; salada fitness, no dia 29; e salgados comerciais, no dia 31. Todas elas ocorrerão no turno vespertino, em apenas, entre 14h e 17h.

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