Salvador tem quase 70 monumentos novos ou restaurados pela Prefeitura

Bronze, pedra e mármore esculpidos passeiam por mãos ágeis de artesãos que burilam peça a peça sob o ritmo marcial de cinzéis, martelos, lixas e furadeiras. Como uma sinfonia, o processo reacende cores, formas e detalhes perdidos de esculturas que contam, a seu modo, o passado de uma Salvador histórica. Foi dessa forma que, em seis anos, a Fundação Gregório de Mattos (FGM) restaurou 64 monumentos e instalou cinco novas peças na cidade. Outras duas obras estão sendo restauradas neste momento, e o Marco da Independência, no Campo Grande, tem licitação prevista para o mês de novembro.

“Esses monumentos figuram na paisagem urbana e oferecem valor estético e artístico aos espaços públicos, além de se constituírem em marcos de referência da história e da cultura da cidade, auxiliando na formação da identidade e da cidadania. Preservá-los é um dever do poder público e da população. Por exemplo, a homenagem ao Dois de Julho é o maior símbolo de referência à Independência da Bahia. A estátua de Castro Alves é um dos cartões postais mais lembrados da cidade do Salvador, e conserva os restos mortais do poeta em uma urna inserida em seu interior”, destaca a diretora de Patrimônio da FGM, Milena Tavares.

Atualmente, a FGM realiza o restauro da estátua do Visconde de Cairu e do Monumento à Riachuelo, ambas no Comércio. Desde 2013, a cidade recebeu a estátua de Dorival Caymmi e o busto de Calasans Neto, em Itapuã; as esculturas Tulipas e Valentinas, na Praça Lord Cochrane, e o busto de João Ubaldo Ribeiro, na Pituba. Os monumentos, inclusive, têm entrado na era digital com o programa #Reconectar – através da utilização da tecnologia QR Code, os cidadãos podem acessar informações sobre as peças pelo celular ou tablet.

Marco da Independência – Os elementos em bronze, ferro e pedra que compõem o monumento passarão por limpeza, retirada de vegetação, tratamento das áreas afetadas pela oxidação e obturação de lacunas. Também será feita a reconstituição de partes perdidas pelo tempo ou pela ação de vândalos, como correção da perda de letras, placas comemorativas e partes de estátuas, além da aplicação de verniz de proteção.

“O Marco da Independência é um monumento de grande porte, que exige recursos significativos para sua recuperação. A última intervenção da estrutura ocorreu há mais de uma década. Então observamos a necessidade emergencial de recuperação. Além do desgaste de materiais, devido à exposição ao tempo e à poluição urbana, é possível observar ainda que os danos maiores ocorreram, principalmente, por causa da ação de vândalos, que quebram e levam partes do bronze que compõe as estátuas, utilizando também os degraus em mármore para manobras de skate”, lamenta Milena Tavares.

História – O marco da Independência ou Monumento ao Dois de Julho, no Largo do Campo Grande, foi inaugurado em 1895. Construída em estilo neoclássico, a peça foi esculpida na Itália em bronze, ferro fundido e mármore de Carrara pelo artista Carlo Nicoliy Manfredi e equipe, e montado em Salvador pelo engenheiro Antônio Augusto Machado. A estrutura possui 25,86 metros de altura, somando o pedestal em mármore e a coluna de bronze em estilo coríntio.

Do alto, armado de arco e flecha, o caboclo de 4,1 metros simboliza a miscigenação do povo brasileiro, que lutou a guerra da Independência. De forma intermediária, surge a figura de uma mulher representando a Bahia e a escultura simbolizando Catharina Paraguaçu, portando um escudo com os dizeres “Independência ou Morte!”. Outras estruturas presentes no pedestal representam os rios São Francisco e Paraguaçu, além das águias e leões em alusão à liberdade e à república, respectivamente.

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