Comércio informal no Centro Histórico passa por capacitação e reordenamento

A alta estação se aproxima e, consequentemente, a capital baiana receberá grande fluxo de turistas vindos de diversos países. Para vendedores e ambulantes que atuam em pontos turísticos da cidade, nem sempre é tarefa fácil se comunicar com os visitantes estrangeiros por meio da língua mais falada do mundo, o inglês. “Lido muito com gringo e às vezes tenho dificuldade para falar com eles. Meu conhecimento no idioma é pouquíssimo”, revela o pintor tribal Leandro Paranhos, 36 anos, que há oito atua no Pelourinho.

O artista estava na turma de alunos que participaram, nesta segunda-feira (10), da abertura do curso de inglês gratuito promovido pela Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop). A atividade ocorre na Federação Espírita do Estado da Bahia (Feeb), localizada no Largo do Cruzeiro de São Francisco, e a capacitação faz parte das ações do órgão para o reordenamento do comércio informal no Centro Histórico. O curso acontecerá na Feeb até dezembro, com aulas sempre às segundas-feiras, das 8h às 10h. Os interessados podem ir ao local para efetuar a inscrição.

A ideia é estimular profissionais que atuam no segmento turístico na região a desenvolverem habilidades com a língua inglesa, garantindo, portanto, boa prestação de atendimento e serviços. “Com o processo de requalificação dos espaços públicos que a Prefeitura vem desenvolvendo, principalmente os que têm uma demanda maior de turistas, nada mais importante também qualificar os comerciantes informais que trabalham nesses locais”, acrescenta o titular da Semop, Marcus Passos, que marcou presença na aula inaugural.

As aulas são ministradas pela professora em Letras Vernáculas com Inglês e mestre em Educação, Maria Lina Garrido. Os participantes, através de uma metodologia instrumental para grupos de prestadores de serviços de turismo, terão noções básicas de saudações, números, expressões e conteúdos usados no dia a dia.

Paranhos mesmo se entusiasmou ao saber que poderia se identificar como “designer” ou “painter” a clientes que falam inglês. Ele realiza pinturas no formato tribal em partes do corpo, como braço, perna, costas e tronco, pelo valor de R$ 5. A baiana de receptivo Cristiane Alves, 38 anos, disse que, apesar de não manjar no inglês, consegue se comunicar com o básico. “Há sempre um ‘welcome to Salvador. What’s your name?’. Achei a aula excelente. A professora tem um conhecimento muito bom e dá para aprender rápido. Muitas coisas que não lembrava, reaprendi”, ressalta ela.

Reordenamento – Além do curso de iniciação em inglês, a Semop, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), vai realizar uma grande ação de reordenamento da atividade informal no Centro Histórico de Salvador. A ação consiste em três etapas: capacitação dos cerca de 300 ambulantes que atuam no local, recadastramento desses profissionais e padronização da vestimenta.

No próximo dia 18, será feita a apresentação do projeto de reordenamento aos vendedores ambulantes, trançadeiras e baianas. O evento será realizado no Centro de Cultura da Câmara Municipal, ao lado do Elevador Lacerda. A capacitação dos profissionais será feita através de palestras, que serão ministradas pelo Sebrae a partir de 1º de outubro, e estará voltada para o cuidado com a imagem pessoal, tendo em vista uma melhoria na recepção e na qualidade do atendimento prestado a baianos e turistas. A participação nos cursos será condição necessária para o recadastramento de quem já atua no Centro Histórico, nas áreas das praças Cairu, Municipal e da Sé, bem como no Terreiro e Largo de São Francisco, além do Largo do Pelourinho.

A terceira e última etapa se dará com a distribuição pela Semop de novos fardamentos aos ambulantes devidamente recadastrados, que terão um número de identificação vinculado à sua licença. A vestimenta também terá cores variadas para identificar a área em que cada um atua. No caso dos artistas de rua, como as trançadeiras e pintores tribais, será desenvolvido um avental específico para facilitar a atuação dos mesmos no manuseio dos cabelos e na pintura dos clientes.

“No ano passado, iniciamos o debate deste projeto de reordenamento da atividade informal nesta área turística tão visitada em nossa cidade. O objetivo é aprimorar a qualidade dos serviços oferecidos aos soteropolitanos e turistas, para que a experiência de visitar o Centro Histórico seja a melhor possível”, explica Passos.

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