Turistas começam a chegar a Salvador para o Festival da Virada

Assumindo o papel de cidade acolhedora, que deixa saudades sem ser piegas, Salvador se notabilizou ao longo do tempo por marcar na pele dos visitantes a vontade de retornar o mais rápido possível. A sentença, já comprovada no Carnaval, agora pertence também ao Réveillon, onde a faixa de areia será o limite para o sonho de soteropolitanos e turistas que viverão, entre os dias 28 de dezembro e 1º de janeiro, a experiência e todas as sensações do Festival da Virada Salvador 2018.

E é justamente em busca desse sentimento que gente de todo lugar desembarca, aporta e aterrissa na cidade. Durante o verão, quartos, pátios e saguões de hotéis ficam repletos de bagagens, e as pessoas cheias de expectativas e ansiedade pela chegada do Réveillon. “Não há, no Brasil, evento de virada de ano tão completo, diverso e atrativo. Nós temos as principais atrações, e focamos em harmonizar diferentes ritmos. Temos um pouco de tudo, roda gigante, tirolesa, gastronomia. A intenção é entreter o público de todas as idades”, avisa o presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.

Para o cabeleireiro argentino Sergio Ganim, 45, natural de Buenos Aires, voltar à cidade que lhe proporcionou sensações intensas há cinco anos era quase uma obrigação. “Conheci Salvador em uma breve estadia, e tudo aqui me atraiu. Gostei bastante das pessoas, da cidade e do acolhimento que tive por parte do povo daqui. Chego hoje, passo a virada na Bahia e depois sigo para o Rio de Janeiro, onde finalizo minha estadia de 20 dias em solo brasileiro”, disse Ganim.

Ocupação – Do outro lado, donos de hotéis, bares e restaurantes estão ansiosos por confirmar a projeção de que a festa na capital baiana será responsável pela ocupação máxima dos leitos ofertados para o período e pelo incremento nas vendas do comércio na orla marítima. As previsões estão sob observação desde antes do anúncio oficial da festa, registrando, entre os meses de novembro e dezembro de 2017, um aumento de 30% nas reservas para as festas de fim de ano, se comparado ao mesmo período em 2016.

Os números são da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e vão ao encontro do que o trade turístico da cidade já havia adiantado para a alta estação. Salvador conta, atualmente, com 40 mil leitos distribuídos em hotéis, motéis, hostels, albergues e pousadas. Esses bons números devem se estender durante todo o verão, oscilando entre 15% e 20%, até fevereiro, quando voltam a atingir o pico, devido aos visitantes que chegam para a folia, quando a expectativa de ocupação terá crescido em torno de 22%.

“O trabalho de reconstrução da cidade proporcionado pela Prefeitura e as ações de promoção do ‘Produto Salvador’ fora da capital baiana foram fundamentais para a retomada do fluxo turístico. Por conta disso, dos anúncios antecipados da estrutura e grade das festas, o setor está bastante otimista para a alta estação. A parceria com a Prefeitura só faz bem ao setor hoteleiro, já que todos ganham”, afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), Glicério Lemos.

Salvador fecha o ano com um aumento de mais de 9% na taxa de ocupação hoteleira, se comparado a 2016. Este crescimento ocorre desde o início do ano, quando a Secult passou a contabilizar, mês a mês, o fluxo de turistas que se destinam à cidade. “Isso ajudou a estancar a curva de queda apresentada nos últimos três anos, ampliando a quantidade de visitantes em Salvador, resultando em uma taxa de ocupação 9% maior que no ano anterior”, diz o titular da Secult, Cláudio Tinoco.

E a aposta do trade é baseada justamente neste ímpeto das pessoas conhecerem ou retornarem à cidade durante o verão. Por conta disso, a Secult, em parceria com os atores do turismo soteropolitano, estima que entre dezembro e fevereiro, Salvador deve receber 2,5 milhões de turistas, que injetarão, aproximadamente, R$ 3,9 bilhões na economia da cidade, apenas no primeiro trimestre de 2018. Esse montante acarretará num incremento de 4,3% em relação ao mesmo período de 2016, para os setores de entretenimento e lazer; e hotelaria, turismo e alimentação.

A expectativa de ocupação hoteleira para a noite da virada é de 100% nos hotéis do entorno da festa, que deve levar em torno de 700 mil pessoas à orla da capital somente na noite que antecede 2018. Isso tudo para aproveitar as 70 horas de música apresentadas por 29 atrações. Do total de visitantes esperados para o verão 2017/2018, 85% corresponde à demanda interna, e os 15% restantes serão preenchidos pela chegada de estrangeiros. Dos brasileiros, 57% devem vir do interior da Bahia e 43% de outros estados, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco e Sergipe. Dos turistas vindos de fora do país, a maioria vem da Argentina, Alemanha, EUA, França e Chile.

Casada e apaixonada por Salvador, a engenheira civil paulistana Eliana Zacarias, 59 anos, passará dez dias na cidade. “Decidimos passar o Réveillon em Salvador porque queríamos um local agradável e que não fosse tão longe de casa. Além disso, a relação custo-benefício foi bem pensada, pois Salvador mantém bons preços em relação a outras cidades nordestinas. Aproveitamos tudo isso para incluí-la em nosso roteiro. Esta é a primeira vez que estamos juntos, como turistas, na capital baiana. Antes, eu e meu marido estivemos aqui inúmeras vezes, mas sempre a trabalho, chegando aqui e seguindo direto para a Ford, em Camaçari, sem permanecer um dia sequer na cidade. No mais, é uma cidade histórica, um lugar que diz muito da história do Brasil, tradicional, com boas praias, boas comidas e lugares interessantes para a festa da virada, com alegria, dança, música, tudo bem brasileiro”.

Ainda tentando entender o cronograma da festa em Salvador, o engenheiro argentino Roberto Massiotra, 59, recém-chegado a Salvador, não tinha local definido para passar a festa. Um tempo depois de deixar a bagagem no quarto procurou a equipe da Prefeitura para saber a programação e local do Festival da Virada. “Eu e minha esposa escolhemos Salvador para este Réveillon, pois já havíamos estado na cidade há dez anos, e queríamos trocar o frio desta época do ano na Argentina para o calor do Brasil, além da ótima recordação que temos de Salvador. Então, vamos aproveitar a festa que vocês fazem na praia. Esperamos que seja diferente de tudo que conhecemos e que nos divirta bastante”, conta Massiotra.

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