Educadores sugerem formação e mudanças no currículo para melhorar ensino da matemática

Em seminário internacional na Câmara, educadores brasileiros e de outros três países concluíram que é preciso investir na formação de professores, mudar o currículo das escolas e atualizar os livros didáticos para reduzir um dos principais gargalos da educação no Brasil: o ensino de matemática.

Os especialistas defenderam mudanças no ensino de matemática e nos livros a partir dos parâmetros previstos na Base Nacional Comum Curricular, que está sendo analisada pelo Conselho Nacional de Educação e deve ser homologada até o fim do ano pelo MEC.

O seminário, promovido pela Comissão de Educação e pela Frente Parlamentar Mista da Educação, reuniu especialistas do Brasil, Inglaterra, Finlândia e China.

As discussões tiveram como pano de fundo os resultados do Brasil na última edição do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, o Pisa.

Em uma lista de 70 países, o Brasil ficou na posição de número 66 em matemática.

Para o deputado Alex Canziani, do PTB do Paraná, que é presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação, o ensino da matemática é fundamental para que o Brasil possa competir no mercado internacional.

“E dentro da educação, a matemática tem um papel preponderante, fundamental. E lamentavelmente, quando a gente pega as avaliações nacionais e internacionais, a gente vê que nós precisamos caminhar muito mais do que estamos caminhando. Se melhoramos ao longo dos anos, e é preciso reconhecer, mas precisamos estar num ritmo muito maior daquilo que nós temos feito. Isso é vital para o futuro do nosso País”.

A Base Nacional Comum Curricular não define em detalhes o currículo das matérias, mas estabelece os parâmetros a partir dos quais as escolas, estados e municípios vão organizar seus currículos.

No caso da matemática, por exemplo, ela estabelece os assuntos que precisam ser ensinados, como números, álgebra e geometria, para que os alunos adquiram algumas habilidades, como raciocínio e resolução de problemas.

Para conseguir isso, os especialistas apontaram a formação dos professores como um dos principais fatores, assim como mais investimentos.

Uma das estrelas do encontro, o professor Artur Ávila, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, o Impa, manifestou preocupação com os cortes orçamentários.

Ávila, ganhador da Medalha Fields, considerada uma espécie de Oscar da matemática no mundo, defendeu a continuidade de um programa ameaçado pelos cortes, as Olimpíadas de Matemática, que segundo ele estimulam o gosto pela pesquisa.

“O caso mais bem sucedido e que o Brasil tem implementado bem e é extremamente importante que não deixe de implementar – houve uma discussão recente sobre o perigo que tem sido para essa iniciativa diante dos cortes no orçamento – é a questão das Olimpíadas de Matemática, que é algo que tem resultados, tem resultados muito importantes em vários níveis, não só como estímulo da educação em geral, que é relevante, mas também como estímulo para toda uma classe de pessoas que vão trabalhar no desenvolvimento tecnológico do país. Então você tem ganhos em vários níveis”.

Outra participante do seminário, a professora Kátia Smole, diretora do Grupo Mathema, estima que a base nacional curricular pode levar até oito anos para ser efetivamente aplicada e provocar mudanças na forma como a matemática é ensinada no Brasil.(Antonio Vital – Rádio Câmara)

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados