Número de jovens negros assassinados no País é três vezes maior do que jovens brancos

O número de jovens negros e negras assassinados no País é três vezes maior do que jovens brancos. Mas não se trata apenas de números. Em audiência pública na Câmara, representantes do Governo e de organizações sociais, destacam que toda a população é afetada pelo genocídio da população negra no Brasil.

A discussão aconteceu na Comissão Externa que avalia a instituição do Plano Nacional de Enfrentamento ao Homicídio de Jovens (PL 2438/2015).

O deputado que pediu a audiência, Reginaldo Lopes, do PT de Minas Gerais, explicou na audiência que foram apresentadas na Câmara propostas legislativas para mudanças na estrutura geral de segurança pública no País, para que seja possível atingir as metas de redução dos homicídios e de violência no País.

“Nós queremos fazer uma política do Estado brasileiro no campo de enfrentamento a violência, mas em especial no campo de enfrentamento de homicídios aos jovens negros e pobres. São estarrecedores os dados. O Brasil é o país que mais mata no mundo, percentual e proporcional. Só para dar um dado, o Brasil mata e já matou em 30 anos uma população do Uruguai, 3 milhões de pessoas: um milhão e trezentas em acidentes de trânsito, também que são jovens negros e pobres, um milhão e trezentos por homicídio e o resto, 400, por suicídios. O Brasil vive uma guerra civil declarada contra os nossos jovens negros e pobres.”

Mas o assunto não é tão recente. Notícias da década de 80 no Brasil, que também chamavam atenção para a morte de jovens negros, foram apresentados pelo professor Mário Theodoro. Ele foi relator da Comissão da Verdade Sobre a Escravidão Negra no Distrito Federal e Entorno, do Sindicato dos Bancários de Brasília, e afirma que é preciso combater a raiz do problema que é o racismo, o preconceito e a discriminação. Fatores que, segundo Mário Theodoro, dividem a sociedade.

“Milhares de jovens negros são mortos por ano, uma estatística mostra que a cada 25 min um jovem negro é morto, é assassinado no Brasil, isso é estatística de guerra.(…) Você está perdendo vida, você está perdendo jovens que potencialmente poderiam ser muito importantes para a economia do País, e por outro lado, você tem milhares de famílias, mães, irmãs, esposas que sofrem com a morte dos seus entes queridos, e no final das contas você tem uma sociedade cindida em função de uma violência, que passou a ser uma violência quase que naturalizada e endêmica”.

A Subsecretária de Segurança Cidadã, da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, Andreia Macedo, conta que o DF tem buscado integrar os diversos órgãos para redução dos índices que afetam a juventude negra. Segundo ela, diante dos números, é preciso uma ação coordenada do Estado em torno do problema.

“A gente tem conseguido reduções muito significativas nos últimos dois anos em relação a CVLI, que são os Crimes Violentos Letais Intencionais, 38% de redução nesses últimos dois anos, mas é muito fundamental que esses números se convertam em políticas mais humanas, que a gente consiga olhar para essas vidas perdidas, que a gente consiga prevenir a perda de novas vidas. A gente tem que desconstruir essa ideia de que homicídio não se previne, que é uma fatalidade, não é. Cabe ao Estado conduzir soluções exitosas para isso e isso se faz com política pública”.

A Comissão recebeu também um texto com sugestões para o projeto de lei e publicações sobre o assunto, como o livro ‘A verdade da escravidão negra no DF e Entorno’ que será lançado neste mês na Câmara. Também participaram da audiência sobre enfrentamento ao homicídio de jovens negros, representantes da Aliança de Negras e Negros Evangélicos do Brasil, do Conselho de Defesa dos Direitos do Negro do DF e da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras.( Leilane Gama – RADIOAGÊNCIA)

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