Inaugurada em Paripe, primeira escola municipal com sustentabilidade de Salvador

As apresentações dos grupos de dança e coral – formados pelos próprios alunos –demonstram o clima de festa dos moradores de Paripe, que receberam a Escola Municipal do bairro completamente reconstruída pela Prefeitura nesta sexta-feira (4). A antiga estrutura em pré-moldado, que causava insegurança à comunidade escolar, foi demolida em 2015 e deu lugar a uma estrutura com alto padrão de qualidade e uma novidade: é a primeira da rede municipal que possui diversos princípios de sustentabilidade. A cerimônia contou com as presenças do prefeito ACM Neto e do vice Bruno Reis, além da secretária municipal da Educação (Smed), Paloma Modesto, demais gestores municipais, autoridades e população.

Bastante emocionado, o prefeito salientou que a melhoria na qualidade no ensino passa também por uma estrutura física mais confortável para alunos, professores e funcionários. “Só quem conhecia a Escola Municipal de Paripe pode ter noção da transformação feita aqui. A estrutura estava caindo aos pedaços, foi demolida e totalmente reconstruída pela Prefeitura e entregue agora novinha em folha. O Subúrbio passa a contar com uma das melhores escolas de toda a cidade, que não deixa nada a desejar à rede privada de ensino”, completou ACM Neto.

A secretária Paloma Modesto também pontuou a felicidade pelo novo equipamento. “É o momento de celebrar a ampliação da estrutura, que conta também com um sistema inovador de captação da água da chuva. Agradeço a todos os envolvidos pelo empenho de fazer uma Educação cada vez melhor no município.”

Sistema –

A unidade é um importante equipamento educacional para estudantes do bairro e região e está em funcionamento há mais de três décadas. Com investimento de R$7,1 milhões para a reconstrução, o projeto contou com o desenvolvimento de um sistema de captação de águas pluviais. A tecnologia capta, filtra e canaliza toda a água da chuva, que é direcionada para abastecer os sanitários e o tanque de reserva técnica para incêndios da unidade.

Todo o sistema é automatizado e foi pensado, primordialmente, como recurso para aproveitar as chuvas de inverno que atingem os 830m² de área coberta da escola. Dois tanques superiores com capacidade de retenção de três mil litros cada e um reservatório inferior com capacidade para armazenar cinco mil litros de água fazem parte do sistema.

Através do esquema, estima-se que a escola tenha uma economia de 60 mil litros de água por mês. Além da redução na conta de água, os impactos positivos do sistema podem ser sentidos por toda a comunidade. Isso porque as vias no entorno da escola possuíam problemas de drenagem que resultavam em alagamentos e, com a captação das águas pluviais, o sistema reduziu os efeitos nocivos no período chuvoso.

Apesar do sistema ter sido projetado para aproveitar a água da chuva, no verão o fornecimento de água nas dependências escolares não encontrará transtornos. Uma boia é responsável pela aferição do nível do líquido armazenado e, uma vez que esteja em falta, o sistema aciona o abastecimento comum direto da concessionária de água.

O investimento no sistema de captação deverá ser recuperado em um período de oito anos. Já os custos para a manutenção dos equipamentos são mínimos, uma vez que para realizar o serviço é necessário apenas que um profissional execute a limpeza da caixa, reservatórios e realize a aplicação do cloro.

Outras melhorias – Além da captação de água, outros investimentos providenciais foram realizados, como a ampliação das salas de aula, que medem agora 43m². Esse espaço amplo permite não apenas atender confortavelmente uma quantidade significativa de alunos, como permitiu a instalação de janelas em alumínio e vidro em tamanho avantajado. Esse item possibilitou maior passagem de ar e luz solar, dispensando o uso de ventiladores e energia elétrica durante a maior parte do dia.

De acordo com o engenheiro responsável pela obra, Gabriel Morais, para a elaboração do projeto foi necessário um estudo minucioso que levou em consideração diversos aspectos. “A gente sentia na estrutura dificuldade de iluminação e ventilação, primeiro porque tinha uma estrutura precária, com cores escuras e um layout de salas errado. Então antes de nascer esse projeto fizemos um estudo de nascente, poente, de onde vem os ventos, áreas de sombreamento. Com as janelas em alumínio e brise a gente consegue não só bloquear a passagem da luz solar como não impedir a ventilação correta”, afirmou.

Além disso, a escola teve ampliado o número de 12 para 23 salas de aula. Também foram implantadas mais dependências administrativas como refeitório, triagem de alimentos, depósito para merendas, lavanderia, coordenação, secretaria, diretoria, sala dos professores, depósito de material didático, sala de leitura, depósito de material de limpeza.

Foram integrados ainda ao projeto uma quadra poliesportiva para a prática de atividades de Educação Física e estímulo a prática esportiva, sala de Atendimento Educacional Especializado (AEE) – espaço disponibilizado para trabalhos específicos com alunos que possuam deficiência, e mais uma sala multiuso. A escola também possui itens de acessibilidade, como rampas e sanitários adaptados, para atender com maior comodidade crianças e jovens com deficiência.

Lembrando do passado – Diretora da unidade há dez anos, Alcione da Assunção lembra que a escola sofreu durante muito tempo por não poder receber os alunos em dias de chuva, em função de goteiras e infiltrações. Ela afirma que, no verão, o problema era o calor: as salas não tinham ventilação e não era possível abrir portas e janelas por causa da incidência do sol no quadro branco, o que era prejudicial aos alunos. “Eu sou apaixonada por essa escola. Essa reconstrução ressuscitou na gente uma vontade de ornamentar as salas, de usar elementos como alfabetos e letras na parede e quem trabalha com criança sabe o quanto isso é importante. Agora estamos trabalhando os alunos para que eles cuidem da escola”, explicou.

Mãe do pequeno Douglas, 8 anos, Daiane dos Santos disse que antes da reconstrução da escola ela tinha uma preocupação muito grande em manter o filho firme nos estudos. “Era horrível. Quando chovia pingava e alagava tudo. Parte da escola era escorada com barrotes e tinha ferro enferrujado pra todos os lados. Depois que a escola mudou até o desempenho do meu filho melhorou, porque ele tem vontade de vir estudar, não fica mais enrolando pra ficar em casa dormindo. Ele tem orgulho daqui!”, contou entusiasmada.

Novas ações – Um grupo de 120 pessoas, entre alunos e professores, vão passar por um curso de formação em sinergia solar. A atividade será promovida por meio da Secretaria de Cidade Sustentável e Inovação (Secis) em parceria com o projeto Engajamundo. A expectativa é que os encontros tenham início no próximo mês.

A unidade agora também dispõe de uma horta que deverá ser cultivada pelos próprios alunos. Por este projeto, a instituição foi convidada a participar do projeto Horta na Escola, que vai reunir mais cinco unidades escolares que também trabalham com plantio de vegetais para compartilhar experiências e promover ações de cultivo.

Estrutura – Atualmente a unidade escolar beneficia a 1.381 alunos. São atendidos no local estudantes do Ensino Fundamental I – séries que vão do 1º ao 5º ano –, do Ensino Fundamental II (6º ano), e do programa para Educação de Jovens e Adultos (EJA I e II). Com o reforço na estrutura, a escola vai passar a atender, a partir do próximo ano, todas as séries do Fundamental II, ou seja, do 6º ao 9º ano.

A Municipal de Paripe também recebe o projeto Se Liga, realizado em parceria com o Instituto Ayrton Senna e que visa alfabetizar alunos que ainda não sabem ler e que estejam com distorção idade-série, matriculados do 3º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Através da iniciativa, é distribuído um material didático específico para este trabalho, onde os alunos recebem dois livros: Língua Portuguesa e Matemática. O acompanhamento é feito considerando alguns aspectos, como capacidade de localizar informações explícitas/realizar inferências em textos longos; localizar informações explícitas em textos curtos; realizar leitura de palavras e/ou frases ou ainda ausência total de leitura.

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