Ministério da Saúde desaprova o uso do “octopus” (polvos de crochê ) em unidades neonanatais

Certamente você leu algo, neste ano, sobre o Projeto Octo, surgido na Dinamarca em 2013. O projeto social costura e doa polvos de crochê para bebês prematuros em Unidades de Tratamento Intensivo Neonatais. A intenção é que, quando abraçado, o brinquedo transmita calma e proteção ao recém-nascido, já que os tentáculos se remetem ao cordão umbilical e causam a sensação de segurança parecida à do útero materno. Por questão de segurança, os polvos de crochê devem ser 100% de algodão para poderem ser lavados. Além disso, é importante que os tentáculos não ultrapassem a medida de 22 centímetros.

Apesar da boa repercussão da iniciativa tanto na mídia, quanto na Dinamarca e em outros países, uma nota técnica (N°08/2017) da Coordenação Departamento de Ações Programáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção à Saúde, do Ministério da Saúde, elaborada em resposta aos questionamentos da Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno (também uma unidade do Ministério da Saúde) avaliou os riscos e benefícios dessa prática e não orienta o uso do polvo como instrumento terapêutico. O documento destaca ainda que o contato pele a pele do bebê prematuro com sua mãe e seu pai, na posição Canguru, beneficia muito mais o prematuro.

“De acordo com o documento, a utilização de brinquedos na unidade neonatal produz benefícios, desde que respeitadas as normas e protocolos de controle de infecção hospitalar de cada unidade. No entanto, os autores da nota destacam que as evidências científicas sobre a importância do posicionamento do recém-nascido na incubadora é essencial para um desenvolvimento adequado, especialmente do pré-termo. Esta deve ser realizada favorecendo a simetria e a linha média”, afirma o pediatra Moises Chencinski, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade de Pediatria de São Paulo.

Além disso, também foi divulgado como forma de promoção do polvo que o contato do recém-nascido com os tentáculos do animal de crochê simulariam o contato do bebê com o cordão umbilical intra-útero. “As evidências mostram que o cordão umbilical, a placenta e as paredes uterinas oferecem outros estímulos e sensações (cheiro, sons, textura, umidade e pulsar). Após o nascimento, o recém-nascido sabe o que o ambiente se modificou”, defende a nota técnica.

Método Canguru

“Por fim, o documento destaca a importância do Método Canguru, amplamente estudado e recomendado, pois oferece estratégias de intervenções no ambiente das unidades neonatais, no manuseio e no manejo do recém-nascido. A posição canguru oferece estímulos sensoriais que beneficiam o desenvolvimento neuropsicomotor e a redução da morbimortalidade. Deve-se destacar que o contato com os pais protege o prematuro de infecções com a troca da microbiota, estimula o aleitamento materno e empodera a mãe nos cuidados após a alta hospitalar”, destaca Moises Chencinski.

Inicialmente idealizado na Colômbia, no ano de 1979, e instituído no Brasil, desde 2.000 (Portaria Nº 693, de 5 de julho de 2000 do Ministério da Saúde), o Método Canguru (Norma de Atenção Humanizada ao Recém-Nascido de Baixo Peso) reúne diretrizes de cuidado e atenção a recém-nascidos internados em unidades neonatais, utilizando os melhores conhecimentos científicos acerca de suas especificidades físicas e biológicas e das necessidades de cuidado singular envolvendo os pais e as famílias. O método trabalha, ainda, formas e manejos de cuidados com a equipe de profissionais e suas ações de cuidadores. Foto: Tony Winston/Agência Brasília

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