Projeto Escola sem Partido divide opiniões durante audiência pública

Gilmar Soares Ferreira, representante da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, defendeu que conflitos sejam resolvidos dentro do próprio espaço escolar. “Já temos instâncias e leis para isso. Há associação de pais e mestres e conselhos escolares. Com esse projeto, não teremos mais escola, teremos ambiente de perseguição”, declarou. Ele negou que haja doutrinação de esquerda nas escolas. “A própria existência de vocês (parlamentares) mostra o contrário. Se houvesse doutrinação, não haveria deputados de direita”, declarou.

Para Rodrigo Jungmann, Professor da Universidade Federal de Pernambuco, os estudantes sequer têm os elementos para questionar os professores já que não dispõem de todos os lados das informações.

Miguel Nagib, fundador do movimento escola sem partido, afirmou que a maior vítima da doutrinação nas escolas é a democracia. “Ela desequilibra o jogo político em favor de um dos lados”, disse. Para ele, a bancada evangélica no Congresso e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) são exemplos de vítimas de difamação. “A máquina do Estado está sendo usada para desequilibrar o jogo político. É uma fraude da democracia”, declarou, classificando de “trapaceiros da democracia brasileira” os que se opõem ao projeto de lei.
Ele também disse que o professor não tem o mesmo direito à liberdade de expressão dos outros cidadãos porque fala para uma audiência cativa. “Os estudantes são obrigados a estar ali”, afirmou.

Oscar Halac, reitor do Colégio Pedro II, reafirmou que as questões sobre violência contra mulher, raciais, de gênero, políticas e de Reforma da Previdência, precisam de fórum de debate. “Fórum adequado para debate é a escola. A falta do debate franco e independente levará a mais desigualdades no tratamento dessas questões”, concluiu. Ele lamentou ainda o maniqueísmo entre esquerda e direita que marcou o debate na comissão.

Deputados
O deputado Pastor Eurico (PHS-PE), disse que o professor deve ensinar, mas não catequizar. “Falam que queremos trazer de volta a ditadura. Eu tenho ojeriza a esse nome. Falo em governo militar, governo da moral, se não fosse o governo militar, seríamos como Cuba, piorada, uma desgraça”, afirmou.

O deputado Lincon Portela (PRB-MG) disse ter perdido a paciência com o cinismo da defesa do debate na escola. “Para a esquerda, não existe debate fora da esquerda. Estamos cansados dessa esquerda marxista que quer desconstruir o pilar da família monogâmica”, afirmou.

O deputado Glauber Braga (Psol-RJ) avalia que não há vulnerabilidade dos estudantes. “Foi no Brasil que tivemos um dos maiores movimentos de estudantes pela melhoria na qualidade do ensino”, lembrou. Ele fez um apelo para que a discussão não seja feita com base na passividade dos estudantes e questionou a utilidade do projeto Escola sem Partido, já que a Constituição já garante direitos para todos os cidadãos.

O presidente da Comissão, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), disse que o debate vai contribuir para a construção do projeto. “Podemos aprovar o texto que veio ou um completamente diferente”, esclareceu.(Ag. Câmara Notícias)

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