ARTIGO: Eles nem perguntam aos eleitores se podem mudar de partido. Por Noel Tavares*

Em plena crise política no Brasil, o país se prepara para mais um momento delicado e de extremo interesse para todos. Em outubro decidiremos novamente quem vai representar politicamente a população brasileira, tanto nos estados como na capital federal. Nessa disputa, serão eleitos deputados estaduais, federais, presidente da república, senadores e governadores para um mandato que pensamos ser voltado para a população e os eleitores precisam estar atentos aos últimos acontecimentos porque, com o mandato, esses homens e mulheres terão o poder de decidir pelo país. E, ao fazer a escolha errada, esse procedimento só poderá ser reparado, no mínimo, quatro anos depois.

E pensando nas eleições deste ano, já tem muita gente deixando secretarias e cargos, enquanto outros trocam de partido. Tudo isso para facilitar a aceitação do seu público e ao garimpo por votos com o objetivo de abocanhar uma posição política melhor do que a atual ou até mesmo se manter na posição. Na Bahia, a prova de tudo isso foi o que ocorreu nos últimos 30 dias, período em que a Justiça Eleitoral abre uma brecha para que políticos troquem de partido, sem sofrer qualquer tipo de punição. E aqui na Bahia, essa janela foi muito bem aproveitada: dos 63 deputados estaduais, 19 trocaram de partido, no período de 7 de março até 7 de abril.

Essa busca por mudança de legenda ocorre no momento em que a turbulência política toma conta do país e o eleitor precisa se ligar nessa situação e sair em busca de informações para descobrir qual a intenção dessa corrida por um novo partido. Será que agindo assim os políticos pensam em fazer mais pelo seu eleitorado ou simplesmente desejam mais poder e mais dinheiro no bolso? Na esfera federal, três baianos trocaram de partido e na Câmara de Vereadores de Salvador a mudança vai além: tem gente que já visualiza uma luz no senado que por sinal o salto é maior ainda.

Mas, no meio dessa corrida, do jogo pelo poder, das negociações e das dores de cabeça, está um elemento que só tem valor na hora do voto: o eleitor. E no período pós-eleitoral, ele se torna um nada ou quase nada para a maioria da classe política. Antes do processo, é natural que o candidato vá até as comunidades, mas quando isso ocorre ele diz representar uma sigla, revela todas as qualidades do grupo e nunca fala que pretende deixa-lo. Porém o tempo passa, os interesses aumentam e as decisões são tomadas com critérios políticos e sem lembrar daquele que carimbou o voto na urna e assim depositou esperança num mandado digno de respeito e de interesse coletivo. E assim, o político troca de legenda sem perguntar qual a opinião do seu eleitorado sobre essa decisão.

*O radialista Noel Tavares é graduado em Secretariado Executivo e em jornalismo e também é pós-graduado em jornalismo Cultural.

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