Bloco Samba Popular homenageia Tia Ciata, a matriarca do Samba, no carnaval 2018

Fundado há mais de 12 anos, o Bloco Samba Popular, foi idealizado por três amigos das comunidades dos bairros de Pau Miúdo e Garcia. Atualmente, o presidente do bloco é Manoel Natividade Passos Júnior, o popular Natinho, morador da Caixa D’Água e grande conhecedor do carnaval, cuja sua contribuição foi de grande relevância para transformar a entidade carnavalesca na potência que hoje é.

São quase 13 anos de muita alegria e samba no pé. A cada ano o bloco vem se destacando pelo seu potencial de agregar novos valores. É um dos integrantes da UNESAMBA, desfila no Circuito Osmar, (Campo Grande / Sé), na sexta-feira de carnaval.

Em seu 1º ano, o Bloco Samba Popular, teve como atração o Grupo Revelação. Já desfilaram no bloco vários grupos de samba como: Pedaço de Cada Um, Movimento, Grupo Desejos, Farofada, Paparico, entre outros. O Samba Popular conta também com a participação do cantor e compositor Tonho Matéria.

A partir do ano de 2012, buscando proporcionar aos seus foliões um carnaval de pura alegria, samba no pé e completa satisfação, o Bloco Samba Popular passou a desfilar só com atrações locais valorizando a prata da casa.

No carnaval de 2018, o Samba Popular vai prestar uma homenagem a Tia Ciata, a matriarca do samba e tem como atrações: A Grande Família, Samba Trator, Nu Quintal e Grupo Coisa Fina.

Tia Ciata, a matriarca do samba

Mãe de santo, quituteira, empreendedora, partideira e figura ímpar na galeria de ouro do samba. Tia Ciata era tudo isso e muito mais. Nascida Hilária Batista de Almeida, em 1854, em Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, ganhou o nome pelo qual ficou conhecida quando foi confirmada no santo, tornando-se então Ciata de Oxum. Aos 22 anos de idade, deixou a Bahia e foi para o Rio de Janeiro, em um movimento conhecido como diáspora baiana. No final do século XIX, com a abolição da escravatura no Brasil, um grande contingente de negros baianos se deslocou para o Rio, principalmente para os bairros da Gamboa, Saúde e Santo Cristo, em busca de melhores condições de vida.

De acordo com o compositor e escritor Nei Lopes, foi da união das tradições africanas que surgiu o samba: “A Bahia, onde Tia Ciata nasceu, graças principalmente à sua capital Salvador e ao seu Recôncavo, é internacionalmente conhecida pela riqueza de suas tradições africanas, apropriadas como verdadeiros símbolos nacionais brasileiros. O samba nasceu desse amálgama. Indiscutivelmente banto, tendo suas origens bem localizadas entre os atuais territórios de Angola e Congo, ele, no Rio de Janeiro, pelos pés, mãos, quadris e mentes dos migrantes baianos, incorporou elementos nagôs, jejes, mandingas – de outras matrizes africanas, enfim. E os ambientes dessa mistura foram os terreiros e as rodas de samba”, explica o compositor e escritor.

E, por falar em rodas de samba, as de Tia Ciata eram famosas. Em sua casa na antiga Rua Visconde de Itaúna, número 117, perto da Praça Onze (a rua desapareceu por ocasião das obras para abertura da Avenida Presidente Vargas), aconteciam grandes festas, reverenciando tanto orixás quanto santos católicos, como São Cosme e Damião e Nossa Senhora da Conceição.
Nas festas profanas, destacavam-se as rodas de partido alto. Marcavam presença nesses encontros nomes como Pixinguinha, Donga, Heitor dos Prazeres, Sinhô, João da Baiana, Mauro de Almeida, entre outros.

Junto àqueles que no futuro seriam consagrados, mas que na época eram apenas jovens músicos, Tia Ciata não deixava a desejar: comandava o partido alto e dançava como ninguém o “miudinho” – uma forma de dançar com os pés juntos que exigia muita destreza.
“A evocação da memória de Tia Ciata, quando celebramos esse marco do samba, reveste-se de grande importância. Da mesma forma que, em todos os rituais da tradição africana, se evocam os ancestrais, aqueles que deram nascimento à toda a riqueza cultural da africanidade recriada no Brasil e nas Américas”, compara Nei Lopes.

De acordo com a pesquisadora de samba Rachel Valença, do Museu da Imagem e do Som, a história de Tia Ciata mostra que havia uma cultura matriarcal, na qual a mulher tinha o papel de arregimentar as festas culturais, a dança e a religiosidade. “O homem era o provedor, mas a mulher também vendia comida, fora isso, era uma aglutinadora de cultura. A casa de Tia Ciata foi a mais marcante nesse sentido. O samba é o fenômeno mais impressionante do século XX, porque, em 100 anos, ele passou de perseguido a símbolo de uma nação, é uma trajetória muito gloriosa”, destaca a especialista.

Serviço:
O quê? Desfile do Bloco Samba Popular
Quando? Dia 09 de fevereiro (sexta-feira)
Onde? Circuito do Campo Grande
Valor: R$ 120 (individual) R$ 160 (casadinha)
Vendas: Shopping Baixa dos Sapateiros e Balcões Pida
Informações: (71) 99132-3286 / 98801-8826 / 99967-1001 / 99327-5584

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