Cerimônia marca retorno da escultura de Mãe Runhó ao Engenho Velho da Federação

Os moradores do bairro do Engenho Velho da Federação comemoraram o retorno da escultura de Mãe Runhó na noite desta sexta-feira (10), na praça que leva o nome da sacerdotisa que comandou por 50 anos o Terreiro do Bogum. A restauração da peça foi realizada pela Prefeitura, sob a coordenação da Fundação Gregório de Mattos (FGM) e executada pela empresa Stúdio Argolo Restaurações Artísticas. Na ocasião, o ogan Edmilson Sales, integrante do terreiro, promove uma celebração para o ato da entrega com a presença de representantes dos terreiros da comunidade e da Igreja de São Lázaro, além de demais religiosos do local.

O restauro fiel da escultura foi feito em fibra de vidro, de autoria do artista Félix Sampaio. Também foi recuperada a imagem de São Lázaro, instalada em local próximo. Houve ainda a recomposição do piso da praça, instalação de bancos, gradis, paisagismo e refletores para iluminação.

O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, ressalta a importância da iniciativa. “Representa o reconhecimento do trabalho dessa sacerdotisa que é uma figura fundamental para a formação da identidade do Engenho Velho da Federação, enquanto bairro ligado à resistência e preservação da tradição das religiões de matriz africana.”

Perfil – A escultura é uma homenagem a Maria Valentina dos Anjos Costa – Doné Runhó ou Mãe Ruinhó (Salvador, 1877 – 1975) – Doné do Terreiro do Bogum, filha de escravos, iniciada para o Vodun Sobô. Passou para o grau de sacerdotisa aos 21 anos de idade, e assumiu a direção do terreiro em 1925, onde permaneceu por 50 anos, até sua morte.

Para Sales, o tributo significa a valorização da memória da religião e do povo jeje, além da preservação da Natureza. “Mãe Runhó já era ecologista antes de se falar no assunto. Em 1925, quando assumiu o sacerdócio, já clamava pela preservação do que é a base de vida do nosso povo. Dizia que ‘não existe vida sem a natureza. O jeje não sobrevive sem o verde, sem as águas limpas, sem o ar para respirar, o jeje não sobrevive sem a natureza viva.’ Por isso, todos estamos felizes com essa homenagem. Não é apenas um pedido de respeito e tolerância às pessoas, mas também um alerta da importância da preservação da base para vida, que é a natureza que nos acolhe e nutre, independente de religião”, completa.

Categorias: Noticias

Comentários estão fechados